quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Quanto vale?





Tem gente que diz que eu sou mão-de-vaca, canguinha, que tenho complexo de miserável. Olha...levando em conta a falta de noção que tem acometido lojas, consumidores e afins nos últimos anos, então eu sou mesmo!

Eu sou do tempo que sandálias Melissa eram meras sandálias de plástico, bonitinhas e baratas. Mas peraí....Melissa continua sendo uma sandálias de plástico, continuam dando chulé e criando bolhas nos pés, só que agora elas custam mais de 100 reais! Alguém pode me explicar o que aconteceu? Houve uma supervalorização do plástico no mercado internacional, que impulsionou os preços das sandálias?

Na minha época uma camiseta com uma estampa de... sei lá, qualquer coisa...custava uns 20 ou 30 reais. Afinal, é uma camiseta.
Alguma coisa aconteceu enquanto eu dormia e as camisetas passaram a custar uma fortuna. Vi, esses dias, em uma loja, uma camiseta simples, até bem fininha, sabe, meio transparente, eu diria... com estampa de umas caveirinhas espalhadas. Bonitinha, mas nada demais. Preço? R$ 124. Alooou! A camiseta é auto-limpante (tem hífen ainda?), faz café ou recarrega pilhas usadas? Não? Então, por que raios ela custa isso?

Semana passada entrei em uma loja de artigos de surf com o namorado (esse tipo de surfwear é a roupa mais absurdamente cara que existe), e na vitrine, jazia um boné de R$ 85 reais. Um boné...um troço que deixa todo mundo com cara de frentista e cabelo de Miojo...por oitenta e cinco reais.

Eu sei que os preços variam conforme a marca, e que existem consumidores para todos os preços, e que se eu não posso, ou não quero pagar, que vá nas lojas Marisa e me dê por satisfeita. E eu sei que no Brasil nós pagamos tudo mais caro em função da quantidade infinita de impostos, típico de um modelo tributário caótico. É só ir nos Free Shops para ver.

Mas não falo pelo dinheiro em si. O que me preocupa é a supervalorização de coisas que não são tão valiosas assim. Uma camiseta, por exemplo, continua sendo uma camiseta, mesmo que seja de alguma marca famosa. Tá conseguindo acompanhar?

Pensei muito nisso depois do episódio das lojas Zara (não tá sabendo? clica aqui).  Não vou entrar no mérito do trabalho escravo, que é absurdo, mas é mais comum do que parece, e sim, do produto. Você paga caro por um produto supostamente importado, valioso, cujo fabricante afirma que segue um rigoroso padrão de qualidade, e depois você descobre que, na verdade, o produto era fabricado em um fundo de quintal em São Paulo, por pessoas que eram feitas, praticamente, de escravas, em um ambiente de péssimas condições de higiene.

Não pense que é a primeira vez que isto acontece, porque não é. Outras marcas, mundialmente famosas, já estiveram envolvidas em casos semelhantes. É o famoso gato por lebre, e muita gente tá comendo gato por aí e achando ótimo.

Há um certo abuso, e as lojas se aproveitam da necessidade de consumo e cobram aquilo que acham que a peça vale, e não o valor real. E a galera sai pagando, sem questionar. Isso fica mais evidente em época de promoções. Aquela calça que custava R$ 300, em época de promoção, sai por R$ 150. Se ela pode ser vendida pela metade do preço na época da promoção, então ela não vale os trezentos de antigamente.

Talvez eu esteja falando muita bobagem, e talvez eu seja mesmo uma mão-de-vaca. Ou talvez a busca por consumo fez as pessoas perderem um pouco a noção da realidade. Tô errada?











2 comentários:

  1. Kity. Sinto exatamente o mesmo que tu, principalmente, agora, morando em SP.
    Num findi desses, eu e o Werner estávamos com vontade de comer xis. Ok, fomos num boteco, num bairro nem tão riqueza assim e pedimos um xis para cada um, uma porção de batatas fritas e dois chops. Conta ao final? R$70,00!!! Obviamente, lá não voltamos nunca mais. Em outro final de semana, voltando do teatro, pela famosa Consoloação, paramos também numa padaria famosa dali (outro botecão que me lembra a Lancheria do Parque) e pedimos o mesmo. Preço ao final? R$35,00!!! É algo inacreditável. As pessoas perderam totalmente o senso e o brasileiro comum não é o melhor indicado prá avaliar precificação, já que ele mal sabe fazer contas básicas. Mas vale a tua indignação e a de quem mais quiser colaborar. Belo texto! Beijão!

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  2. Olha, Ana. Eu sempre achei que, de certa forma, o consumidor também faz o preço. Mas o que eu tenho visto ultimamente é que as pessoas estão aceitando tudo caladas, achando que, ao incentivar preços absurdos, estão criando nichos e selecionando público. Na verdade, estão pagando para serem idiotas... Mas enfim, né. Cada um tem suas prioridades e conta bancária. hehehe
    Obrigada! Beijosss

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